“porque há algo que nos escapa, essa sombra, essa faca, fio que se retorce em pensamentos tortos, em retornos inesperados, nas ruas, nas frestas, nas encruzilhadas” Carola Saavedra
Existem os mais variados motivos para buscar a psicoterapia, e o seu motivo sempre será único e singular. Se você está pensando em começar um processo terapêutico, pode estar buscando autoconhecimento, autocuidado, mas também é possível que esteja enfrentando conflitos e dificuldades para avançar em seus problemas.
Algo que podemos aprender com a experiência clínica é que muitas vezes vivemos repetidamente os mesmos conflitos e temos dificuldade de deixar esse ciclo de repetições. Essas condutas e sentimentos repetitivos, ou até mesmo compulsivos em alguns casos, que podem se manifestar em nossas relações amorosas, relações sociais, em nosso modo de lidar com o trabalho, com os estudos, com a comida ou drogas nos desafiam a pensar em causas para nossas ações e sentimentos que extrapolam nossa vontade. Por que me descubro refazendo algo que eu não queria, em relação a alguém ou a algum objeto? A estrutura da repetição pode envolver um grande desgaste físico e emocional.
Olhar para dentro de nós mesmos nos permite acolher essas ações e sentimentos repetitivos, e buscar a causa de nossas ações para além da nossa simples vontade, daquilo de que temos consciência. No decorrer do processo terapêutico, nos voltamos para a origem dos sintomas que se repetem e podemos atuar sobre as resistências, que são as forças que nos levam a repetir e impedem a mudança. O processo da elaboração, que articula nossa história e nossos desejos, nos permite uma reconstrução, tornando os sintomas de que padecemos menos sofridos.
A psicoterapia pode ser pensada como um espaço que se constrói a partir da relação terapeuta/paciente, onde as palavras circulam, e onde você começa a dar mais atenção ao que diz, a ponderar, e a criar novas tessituras e narrativas. Transformam-se conexões, questionam-se certezas, experimentam-se novas formas de ser e estar no mundo. É dessa forma que encontram-se novos caminhos e subterfúgios para estar mais a vontade consigo mesmo e com seu desejo.